domingo, abril 09, 2006

mudando uns substantivos, adjetivos e pronomes

Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, Dói morder a língua, dói cólica
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um amigo que mora longe.
Saudade de uma piscina da infância.
Saudade de uma amiga que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade da avó que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ele para o trabalho, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga,
Quando tudo parece cansar
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ele continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ele ainda usa aquela camisa rasgada.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ele tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupado;
Se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página de agricultura;
Se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
Se ele continua preferindo Skol;
Se ela continua preferindo suco;
Se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
Se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
Se ele continua beijando tão bem;
Se ele continua detestando o MC Donald`s;
Se ele continua amando;
Se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como frear as lágrimas diante de várias música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ele está com outra, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...

ainda bem que existem textos na internet...

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