terça-feira, junho 12, 2007

mais uma data comercial pra te fuder

Do meu mau diagramado cabrón...

A SOLIDÃO NÃO VENDE CELULARES

Aproveito o barulho da efeméride, o dia dos pombinhos, para tratar das vantagens da solidão - essa pantera inseparável, como dizia Augusto dos Anjos, nosso primeiro punk metafísico.
Que massacre, celulares, fofurinhas, shopping, saco!
O massacre é tanto que alguns solitários se trancam dentro de suas casas neste dia bizarro. A vergonha de ser sozinho(a) depois de tanto samba-exaltação e a porra da felicidade publicitária nos nuestros juízos e cabeções.
Imagina sair por ai e almoçar solamente só, melar os beiços com a solidão de um galeto, e voltar para casa chupando o frio chicabon dos desamparo? Muita gente acha um vexame! Não sabe que é, na maioria das vezes, uma puta vatagem, mas não com esse cardápio, claro, galetinho-gloss ninguém merece.
Como cantarolava o Jorge Ben das antigas, “mas que nada, saia da minha frente que eu quero passar...”
Como diz uma amiga: eu chuto pombinhos nessa data fofinha e querida!
Nada mais elegante do que a solidão tranquila, um trago no balcão do bar, ninguém para encher o saco - a não ser os chatos que se multiplicam por ai, onipresentes, malas, malas, malas. Esses, porém, a gente se livra fácil, não voltam para os nossos lares doces lares.
Não que o amor não seja lindo. Nada disso. “Te amo porra”, bem sabes, como diria mi amigo Campos Viejo.
É obvio que vivemos grandes momentos envenenados por Cupido e suas maçãs carameladas.
O que faço em mais este panfleto avulso é uma defesa da decência solitária, o direito até de esnobar com um "I want to be alone" à Greta Garbo, de não cair no conto do amorzinho a qualquer preço.
De não deixar-se adoecer pela data. A solidão não vende celulares, a solidão está à prova dos truques publicitários, a solidão é revolucionária, a solidão é chique no último, classe!

Aquela coisa de chegar em casa, botar um disco novo, tomar um uísque...
De cantar Antonio Maria da forma mais irônica, como ele também hoje cantaria: “Ninguém me ama/ ninguém me quer/ ninguém me chama/ de Baudelaire...”
Não se deixe intimidar, amiga, pelos coraçõezinhos de vento que hoje tomarão conta dos tetos das churrascarias, cantinas, bistrozinhos très romantic... Lembre-se das falsas promessas, dos chifres, das decepções, dos amores filhos-da-puta, das falhas de caráter, daquele campeonato atrás do outro, da sogra infernal, das ilusões perdidas...

Solitários e solitárias, cantemos com os jovens e amorosos mancebos do Mombojó, esse é o reino da alegria, tudo pode acontecer, não temam, todos às ruas, livremente!
E se não acontecer nem tão breve, foda-se de qualquer jeito a nobre data, bote Rolling Stones bem alto, peça um uísque duplo e mate com força todas as bolas do pano verde. Viver é sinucar-se, sempre!

Escrito por xico sá às 22h34
A bíblia: www.carapuceiro.zip.net

Nenhum comentário: